A Histopatologia e PCR são ferramentas complementares essenciais no diagnóstico pós-morte em animais. Enquanto a histopatologia permite observar alterações morfológicas nos tecidos, a PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) possibilita a detecção precisa de agentes infecciosos, mesmo quando não há microrganismos viáveis presentes na amostra.
A Importância da PCR no Diagnóstico Pós-Morte
A PCR revolucionou o campo da biologia molecular, especialmente no diagnóstico de doenças infecciosas em animais. Sua alta sensibilidade e especificidade tornam essa técnica valiosa mesmo em amostras obtidas após a morte do animal. A PCR detecta fragmentos de DNA ou RNA de microrganismos, permitindo identificar infecções mesmo quando os agentes patogênicos não estão mais viáveis.
Contribuição da Histopatologia no Diagnóstico Etiológico
A necropsia, seguida do exame histopatológico, fornece informações detalhadas sobre lesões macroscópicas e microscópicas nos tecidos, contribuindo significativamente para o diagnóstico etiológico. A análise das lesões pode indicar a provável causa da morte e sugerir exames complementares como a PCR.
Por exemplo, infecções virais costumam estar associadas a inflamações mononucleares (com presença de linfócitos, plasmócitos e macrófagos), enquanto infecções bacterianas são geralmente relacionadas a processos inflamatórios neutrofílicos ou fibrinossupurativos. Com base nesses padrões histológicos, o médico-veterinário pode indicar a realização da PCR ou PCR em tempo real (Real Time PCR) em amostras previamente reservadas.
Cuidados na Coleta e Envio de Amostras
A eficácia dos exames de Histopatologia e PCR depende diretamente do correto manuseio das amostras. Falhas na coleta, conservação ou falta de informações clínicas podem comprometer o diagnóstico. Veja abaixo as principais orientações para garantir a qualidade dos exames:
Para Histopatologia:
- Escolher órgãos de acordo com as alterações macroscópicas observadas e suspeita clínica;
- Coletar fragmentos de 1 a 3 cm utilizando bisturi ou faca limpa;
- Armazenar individualmente em frascos estéreis de boca larga, com solução de formol 10%;
- Identificar corretamente os frascos e enviá-los em caixa de isopor lacrada e identificada.
Para PCR e Real Time PCR:
- Coletar amostras representativas do tropismo e patogenia do agente;
- Manter as amostras refrigeradas ou congeladas, e enviá-las em até 72 horas após a coleta;
- Utilizar a mesma caixa de isopor da histopatologia, organizando o conteúdo com gelo reciclável (gelox) para evitar contaminações;
- Incluir a ficha de requisição de exames preenchida e um formulário epidemiológico específico.
A união entre Histopatologia e PCR se destaca como uma abordagem eficaz e confiável no diagnóstico pós-morte de animais, pois oferece uma análise completa tanto morfológica quanto molecular. No entanto, o sucesso desse processo depende diretamente da coleta adequada das amostras, da correta indicação clínica e do envio apropriado. Seguindo essas boas práticas, o médico-veterinário tem em mãos um poderoso suporte diagnóstico que garante mais precisão, segurança e embasamento para as decisões clínicas.